terça-feira, 17 de setembro de 2013

Saiba o que é Pop Arte

Pop art é a abreviação do termo inglês popular art (arte popular). Não significa arte
feita pelo povo, mas produzida para o consumo de massa.
A pop arte nasceu na Inglaterra – não nos Estados Unidos, como se imagina – no
início dos anos 50.
A ideia de pintores como Richard Hamilton, um dos pioneiros do novo estilo, era
trazer para a arte imagens da propaganda, do cinema e da televisão.
Todos esses meios começaram a forjar um novo mundo depois da Segunda Guerra
(1939-1945), alterando a vida cotidiana e a imagem das cidades.
Era esse novo mundo que os ingleses começaram a levar para as telas. [...]

Folha de S.Paulo, 4 out. 1996. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/moda_04out1996. htm>. Acesso em: 1o jul 2009.










CA - Língua Portuguesa - 7a série - Volume 3

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A imagem dos idosos nos anúncios - aula 7


7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"

Samba Rap

Olodum


Nas esquinas do país
O mundo pode ver
Que tem gente abandonada ê
De fome vai morrer
Os erros acontecem
E nada se acerta
Epoca de eleicao
La ve os falsos profetas
Ser idoso no Brasil
É motivo de castigo
Se morre ganha como premio
Uma vaga nos abrigos
Trabalha a vida inteira
Pra se aposentar
O salario que recebem
Mal da pra se alimentar
Preconceitos continuam na sociedade
Pois quem tem dinheiro
Compra tudo com facilidade
O negro nos programas de televisao
Quando nao e domestico
so pode ser vilao
fala nega
abre a boca negao
thup thu tererê
Sem transporte
Sem saude
E sem educacao
Com o povo vai fazer
Para ganhar o pao
Enquanto filhos d politicos
Estudam na Europa
Os iludidos ficam aqui
Comemorando a copa
No congresso nacional
Ja nao existe razao
Gente rica em liberdade

Feliz por ser um anao
E voce preste atencao
E leve fé no que eu digo
Ladrao no meu país
So anda bem vestido

A imagem dos idosos nos anúncios - aula 6


7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"

http://letras.mus.br/sergio-reis/103196/

Couro de Boi
Conheço um velho ditado, que é do tempo dos agáis.
Diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar,
o velho, peão estradeiro, com seu filho foi morar.
O rapaz era casado e a mulher deu de implicar.
"Você manda o velho embora, se não quiser que eu vá".
E o rapaz, de coração duro, com o velhinho foi falar:
Para o senhor se mudar, meu pai eu vim lhe pedir
Hoje aqui da minha casa o senhor tem que sair
Leve este couro de boi que eu acabei de curtir
Pra lhe servir de coberta aonde o senhor dormir
O pobre velho, calado, pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô, seu paletó sacudiu
Metade daquele couro, chorando ele pediu
O velhinho, comovido, pra não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio e pro netinho foi dando
O menino chegou em casa, seu pai foi lhe perguntando.
Pra quê você quer este couro que seu avô ia levando
Disse o menino ao pai: um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho e comigo vem morar
Pode ser que aconteça de nós não se combinar
Essa metade do couro vou dar pro senhor levar

A imagem dos idosos nos anúncios - aula 5

7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"


Condições de vida do idoso no Brasil

Postado por: Dr. Ítalo Rachid | Em: Vivendo com Saúde




Condições de vida do idoso no Brasil - O Brasil é o primeiro país da América Latina a participar do consórcio Estudo Longitudinal das Condições de Saúde e Bem-Estar da População Idosa, cuja sigla é Elsi. O trabalho, iniciado no segundo semestre do ano passado, tem como objetivo levantar informações sobre as condições de vida e de saúde dos idosos. Onze países europeus, Estados Unidos, Canadá, Japão, Índia, China e Coreia do Sul também participam do consórcio. A previsão é que o primeiro ciclo de estudos do Elsi Brasil tenha duração de seis anos, período em que a expectativa é que sejam entrevistadas 15 mil pessoas. O Ministério da Saúde anunciou investimento da ordem de R$ 6,5 milhões no projeto, que vai investigar a evolução e a realidade das condições de saúde; capacidade funcional; e uso dos serviços de saúde entre os idosos.
A avaliação levará em conta diversos tópicos e os mais importantes dizem respeito à aposentadoria e suas consequências para a saúde do cidadão; situação socioeconômica; e estrutura domiciliar e familiar, temas que são comuns a todos os países participantes, o que vai permitir um intercâmbio de informações e possibilitar a comparação dos resultados apresentados por cada um. A importância da pesquisa é reforçada por dados da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o envelhecimento populacional mundial que mostram que, em 2020, o número de pessoas com mais de 65 anos será superior ao número de crianças com menos de cinco anos.

Em relação ao Brasil, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, atualmente, existem cerca de 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa, aproximadamente, 11% do total da população brasileira. E, em 2025, a estimativa é que o Brasil tenha aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, alcançando a sexta colocação no ranking mundial de países mais longevos. A expectativa é que, para cada grupo de 100 jovens menores de 15 anos, haverá mais de 50 adultos com 65 anos ou mais.
No entanto, quando se trata de saúde e envelhecimento em nosso país, um outro levantamento apresentado pela ONU é preocupante: 36,5% das pessoas hoje com mais de 50 anos apresentam algum tipo de incapacidade funcional ou dificuldade para realizar tarefas simples, como atravessar a rua ou subir escadas. Na Inglaterra, o percentual é de 23%. Isso quer dizer que a redução da mortalidade não implica anos adicionais com saúde e autonomia. E vale lembrar que a deficiência na capacidade funcional representa elevado custo para os serviços de saúde.
Prova disso é o resultado de um estudo desenvolvido pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo, que mostrou uma proporção crescente, de acordo com o aumento da idade, de indivíduos que necessitavam de auxílio para realização de atividades simples do cotidiano, como ir da cama para o sofá, vestir-se, alimentar- se ou cuidar da própria higiene. De acordo com a pesquisa, 46% dos entrevistados com idades entre 65 e 69 anos necessitavam de auxílio para realizar tarefas. Já a partir dos 80 anos, apenas 15% não necessitavam de algum auxílio, enquanto 28% apresentavam grau de incapacidade tal que requeriam cuidados pessoais em tempo integral.
FATORES DETERMINANTES DE LONGO PRAZO
Diante desse cenário, torna-se de grande importância verificar os fatores determinantes de longo prazo das condições de saúde e bem-estar da população idosa no país, como se propõe o estudo Elsi Brasil. Na opinião de Gilberto Braga, economista e mestre em Administração pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec), as atuais políticas públicas de saúde voltadas para idosos não são suficientes para aumentar a qualidade de vida dessa parcela da população. O especialista defende a necessidade da adoção de um modelo de saúde que priorize práticas médicas que ajudem a evitar as doenças que vêm com a idade, lembrando que cuidar de uma população idosa saudável é diferente de cuidar de uma população doente. “Cuidar de pessoas sãs custa menos. É difícil determinar um percentual em termos de economia para os gestores de saúde, mas certamente a diferença e a economia são expressivas”, afirma.
Braga lembra que o impacto do fenômeno da longevidade na economia brasileira é variado. “Normalmente, pensamos somente nos custos econômicos que o fato de viver mais pode trazer para os familiares, como gastos com planos de saúde, remédios, cuidadores e tratamentos específicos. Por outro lado, ao mesmo tempo, há um contingente de novos consumidores com renda considerável que ainda não foi totalmente percebido pela economia formal. Falo da terceira idade sadia, que lota os teatros nas noites de terça a quinta, que viaja e faz turismo pelo país fora das grandes temporadas e dos feriados, que janta fora e toma vinho, que sai para dançar, enfim que gasta muito. A força de consumo da terceira idade ainda não foi mapeada e aqueles que desenvolveram produtos específicos e serviços para ela poderão ter grandes lucros”, comenta o economista.
DIFERENÇAS DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE
Indicadores demográficos de envelhecimento, como o publicado pelo Observatório sobre Iniquidades em Saúde, da Fiocruz, que tem como base a Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD), apontam para a existência de determinantes sociais que implicam o aparecimento de desigualdades em termos de saúde durante o envelhecimento. Para muitos pesquisadores, além das condições biológicas individuais que favorecem a longevidade, é relevante questionar quais fatores podem estar associados aos anos adicionais de vida para uns, e não para outros. Entre esses itens está a diferença regional, que, para muitos, transpõe as questões básicas e fundamentais relacionadas ao aumento de oferta e acesso aos serviços de saúde. Segundo o PNAD de 2009, a macrorregião com maior proporção de idosos é a Sudeste (12,7%), seguida da Região Sul (12,3%), Nordeste (10,5%), Centro-Oeste (9,5%) e Norte (7,3%). Muitos pesquisadores defendem a tese de fatores como educação e renda, por exemplo, despontarem como diferenciais no ganho de vida em anos, possivelmente na qualidade do envelhecimento.
Existe, contudo, relação entre as condições de saúde e o sentimento de bem-estar entre os idosos? Para responder a essa pergunta, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizaram uma pesquisa cujo resultado acaba de ser publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz. Durante um ano, eles entrevistaram 1.431 idosos, com idade média de 69 anos, moradores da área urbana da cidade, com o objetivo de verificar como se estabelece essa ligação. Os pesquisadores chegaram à conclusão de estar a sensação de felicidade associada a diversos indicadores de saúde. O levantamento mostrou que os idosos que se sentem felizes por mais tempo são casados, trabalham, têm lazer, ingerem bebidas alcoólicas ocasionalmente, consomem frutas, legumes e verduras todos os dias, não são obesos e dormem bem.
Esse é um dos primeiros estudos, em base populacional, que verifica as relações das condições de saúde com o bem-estar subjetivo de idosos. Na avaliação dos pesquisadores, os resultados devem contribuir para ampliar o conhecimento sobre o tema no Brasil.
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A imagem dos idosos nos anúncios - aula 4

7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"

Diversão e saúde são direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso
Diversão e saúde são direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso


No dia primeiro de outubro comemora-se o dia internacional das pessoas idosas, sendo que a data foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) a fim de qualificar a vida dos mais velhos, através da saúde e da integração social.
As pessoas idosas são aquelas com mais de sessenta e cinco anos, condição esta determinada pela Organização Mundial de Saúde, que os caracteriza como grupo da terceira idade.
O surgimento da data foi em razão de uma Assembleia Mundial sobre envelhecimento, realizada em Viena, na Áustria, em 1982.
Para envelhecer bem é necessário que a pessoa, ainda na idade adulta, pratique esportes de acordo com sua capacidade física, mantenha uma alimentação saudável e de qualidade, participe de programas de integração social, mantendo relacionamentos com outras pessoas de sua idade, pratique atividades produtivas, etc.
Envelhecer não é um processo fácil, muitas vezes causa depressão, desânimo, pois as pessoas vão sentindo que não tem mais valor para o trabalho, nem para seus entes queridos e familiares.
É comum vermos pessoas colocando idosos em casas de repouso, para não ter obrigação e cuidados com os mesmos. Isso é uma falta de consideração e de responsabilidade social, pois os direitos dos idosos encontram-se na Constituição do Brasil.
No ano de 2003 foi criado o Estatuto do Idoso, que garante que seus direitos sejam respeitados. O regulamento traz várias disposições como: não ficar em filas; não pagar passagem de ônibus coletivo; descontos em atividades de cultura, esporte e lazer; adquirir medicamentos gratuitos nos postos de saúde; vagas de estacionamento; dentre outras, medidas em respeito à fragilidade em que os mesmos se encontram.
É preciso que sejam tratados com reverência e consideração, por serem mais velhos e por terem mais experiência de vida, aspectos fundamentais para a sua estabilidade emocional.
Sendo assim, estando com o lado emocional equilibrado, a saúde mental será muito mais valorizada e proveitosa.
No Brasil, a comemoração é feita no dia 27 de setembro, dia de São Vicente de Paula, o pai da caridade, tendo sido adotada a partir de 1999, para considerar as dificuldades, direitos e deveres a que estão sujeitos.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

A imagem dos idosos nos anúncios - aula 3

7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"

A imagem dos idosos nos anúncios - aula 2

7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"

A imagem dos idosos nos anúncios - aula 1

7ª série/8º ano - 3º Bimestre
"A imagem dos idosos nos anúncios"

domingo, 16 de junho de 2013

O Avestruz – Texto de Mário Prata - 6º ano



O Avestruz – Texto de Mário Prata

Público alvo: 6º ano - EF
Aulas previstas: 6 aulas

Etapa 1 – Checagem de hipóteses.
1 - O que você espera de um texto com esse título?
2 - Você conhece um avestruz?
3 - Quais as características do avestruz?

(Nesse momento faremos uma leitura silenciosa para que vocês possam conhecer o texto e em seguida faremos a leitura textual compartilhada)

Etapa 2 – Localizando informações no texto.
Responda em seu caderno:
1 - Identifique no 3º parágrafo as características do avestruz.
2 - As características que você atribuiu anteriormente ao avestruz, foram confirmadas no texto? Comente.
3 - Localize no penúltimo parágrafo a expressão que mostra que o garoto mudou de opinião em relação ao avestruz. Após isso, qual foi a reação do garoto?
4 - Assim como o menino, você já desejou algo e depois mudou de opinião?

Etapa 3 – Comparando informações
1 - O que mais impressionou o garoto com relação aos hábitos alimentares e à reprodução?
Etapa 4 – Produção de inferências globais e locais no texto.
2 - Grife as palavras que dificultaram o entendimento do texto e em seguida utilize um dicionário para descobrir o significado dessas palavras e qual deles se encaixa melhor no texto.

(Dica para o professor: Caso seja possível, pode-se utilizar a ferramenta de dicionário online)
3 - Porque o autor afirma que “uma avestruz com TPM pode ser perigosíssima?

Etapa 5 – Recuperando o contexto de produção de texto.
1 -  Pesquise a biografia do autor Mário Prata.
(O professor que escolhe a melhor opção de como realizar essa atividade: na sala de informática, na biblioteca, como lição de casa e na aula seguinte comenta as pesquisas.)
2 - Discuta com seus colegas se o texto lido pode ou não ser classificado como uma crônica narrativa. Dê pelo menos duas explicações que justifiquem a análise feita.

Etapa 6 – Elaborar apreciações estéticas, afetivas, valores éticos ou políticos.
1 - O que você mais gostou no texto? Comente sua resposta.
2 - Será que um apartamento ou uma casa são locais apropriados para criar um avestruz como animal de estimação? Comente sua resposta.

Produção Final
1 - Produza uma crônica onde o menino conta o seu ponto de vista à respeito do desejo de ter um avestruz como “animalzinho” de estimação.

CACILDA SATIE MORI

O Avestruz - Texto de Mário Prata - 7º ano


O Avestruz - Mário Prata


Texto: O Avestruz - Mário Prata
Público: 7ª ano
Tempo previsto: 6 aulas

Levantamento de Conhecimentos prévios:
- O título “avestruz” nos remete a que? Você conhece um avestruz? Já o viu de perto? Você conhece a expressão “fulano tem estômago de avestruz”? Quem tem um animal de estimação?
- Leitura do texto feita pelo professor, para checagem do aluno.
- Leitura compartilhada, cada aluno lê um parágrafo.

Sobre o texto em estudo:
- Confrontar as informações obtidas com a leitura do texto, com as expectativas criadas antes da leitura.
- Uso do dicionário, para esclarecimento de palavras desconhecidas.
- Texto complementar sobre “a avestruz”.
- Análise dos elementos narrativos.
- Ficha técnica da avestruz: nome científico, peso, altura, expectativa de vida, habitat, tipo de alimentação, porque os animais têm nomes científicos?

ANTONIO MARCOS MENDES JANUARIO

No Aeroporto – Texto de Carlos Drummond de Andrade

No aeroporto

Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. E o seu sistema.

Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.

Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.

Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade - e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.

Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 1107-1108.

 

 

VOCABULÁRIO:

alheio: que não nos pertence, que é de outra pessoa.

ameno: agradável, terno, meigo.

galeão: aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

incontinência: incapacidade de reter urinas ou fezes.

ostensivo: algo praticado de forma intencional, de modo provocador.

parco: escasso, que faz economia ou que poupa.

puído: gasto

quadrimotor: aeronave que tem quatro motores.

requisitar: pedir, solicitar.

 

Entendendo o texto:

01 – Como você classificaria Pedro: uma pessoa egoísta ou egocêntrica? Justifique sua resposta.

Uma pessoa egocêntrica, porque faz de tudo pra chamar a atenção pra si.

02 – O gênero textual ao qual se enquadra o texto “No aeroporto”, de Carlos Drummond de Andrade, é:

a) Conto.

b) Fábula.

c) Crônica.

d) Ensaio. 

03 – Qual a intenção do narrador ao usar a expressão grifada no trecho abaixo?

“Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva.

a) Destacar o poder do sorriso de Pedro na vida das pessoas.

b) Apreciar a ousadia de Pedro quando sorri para as pessoas.

c) Mostrar o sorriso como elemento de fantasia na vida de Pedro.

d) Expressar a influência que o sorriso dissimulado exerce.

e) Demonstrar a inquietação de Pedro ao sorrir para as pessoas.

04 – Que significa a palavra sublinhada sugere no contexto?

“Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído”.

O significado pode ser: usado, gasto, mirrado, surrado e no caso do texto idoso, viveu muitos anos.

05 – Pela descrição do autor a respeito de Pedro no início do texto, como Pedro nos parece?

Uma pessoa de poucas palavras, ou quase nenhuma. O mais é conversa de gestos e expressões. É o seu sistema.

06 – E afinal quem é Pedro?

É o neto do escritor.

07 – Em que momento do texto você percebeu que o amigo de que o autor fala é uma criança bem pequena?

Resposta pessoal do aluno.

08 – Qual é a característica do amigo Pedro que mais chama a atenção do cronista?

Seu sorriso – que a todos cativava.

09 – Também há nesta crônica pontos em que o autor diz as coisas com certo humor. Identifique alguns deles.

Como o autor só vai revelar que está falando de uma criança de um ano de idade no último parágrafo, as referências aos costumes e comportamentos do Pedro têm sempre um lado engraçado. A referência, por exemplo, ao sorriso encantador, apesar da falta de dentes. Os cuidados para que o sono de Pedro não fosse perturbado. A atitude de Pedro de tudo requisitar e pôr na boca.

10 – A viagem do neto faz o cronista pensar na vida. Que sentimento ele expressa ao final do texto?

Certamente, a solidão e a tristeza.

11 – Observe, por fim, as diferentes formas que o autor usou para fazer referência à cor dos olhos do neto. Observe também que ele começa falando dos olhos e termina por referir-se ao olhar. Que efeito de sentido tem esse deslocamento na descrição que o autor faz do neto?

Talvez o efeito de sentido mais forte de mudar do olho para o olhar seja precisamente a ênfase que o autor quer dar à interlocução que se estabelecia entre ele e o neto pela troca de olhares (contato interpessoal sempre muito forte, em especial na fase em que a criança é muito pequena e ainda não fala).

 

Pausa – Texto de Moacyr Scliar

Pausa - Moacyr Scliar

Situação de Aprendizagem - Texto: Pausa

Gênero Literário: Conto – Elementos da Narrativa – Interpretação/Compreensão Textual

Pausa

"Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu­-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:

—Vais sair de novo, Samuel?

Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-­ feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.

— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.

— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.

Ela olhou os sanduíches:

—Por que não vens almoçar?

— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.

A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:

—Volto de noite.

As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve­se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão ,acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.Esfregando os olhos, pôs-­se de pé.

—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, nãoé? A gente..

—Estou com pressa, seu Raul!—atalhou Samuel.

— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a chave.

Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.

Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-­no com curiosidade:

—Aqui, meu bem!—uma gritou, e riu: um cacarejo curto.

Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.

Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-­o na mesinha de cabeceira.

Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentadona cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no

Papel de embrulho, deitou­-se e fechou os olhos.

Dormiu.

Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-­se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.

Um raio de sol filtrou­-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.

Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam.

Samuel mexia­-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-­se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-­lo com a lança. Esvaindo­-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou­-se. Vestiu-­se rapidamente e saiu.

Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.

—Já vai, seu Isidoro?

— Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o  troco em silêncio.

—Até domingo que vem, seu Isidoro — disse o gerente.

—Não sei se virei—respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.

— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, rindo.

Samuel saiu.

Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu para casa."

SCLIAR, Moacyr.In:BOSI,Alfredo.O conto brasileiro contemporâneo. SãoPaulo: Cutrix,1997

 

Nesta Situação de Aprendizagem serão apresentados aos alunos o gênero textual “conto” e suas principais características; além disso, serão retomados os elementos da narrativa. Espera-se que, ao final das atividades propostas, o aluno seja capaz de reconhecer a tipologia narrativa “conto”, desenvolvendo e ampliando sua capacidade de leitura.

 

Ano: 9º. Ano do Ensino Fundamental.

Tempo previsto: 06 aulas.

Conteúdos: conceito de conto; retomada dos elementos da narrativa, dando ênfase nas personagens; leitura do texto “Pausa”, de Moacyr Scliar; roteiro de perguntas e produção escrita. Textos poéticos, música.

Competências e habilidades: reconhecer o gênero “conto”, analisar suas características, identificar e inferir informação pressuposta ou subentendida em um texto literário, com base na sua compreensão global; inferir opiniões ou conceitos pressupostos ou subentendidos em um texto; interpretar um texto pertencente ao gênero em estudo e desenvolver a competência leitora.

Estratégias: estudo do gênero e dos elementos da narrativa; leitura e interpretação do texto “Pausa”; discussão com os alunos fazendo as devidas intervenções.

Recursos: Cópia do texto; uso de datashow para reprodução dos slides com o conteúdo das aulas.

Avaliação:

·    Participação contínua nas atividades propostas, sejam elas orais ou escritas.

·    Leitura e análise de contos, usando questões que contemplem o conto e as estratégias de leitura.

·    Elaboração de textos sobre as situações propostas em sala de aula. A partir da reflexão e proposta da turma. Faremos o texto conforme a escolha dos alunos, em conjunto. Se a escolha for um poema, poderemos fazer uma exposição em murais da escola.

 

1º. Passo: o professor apresenta aos alunos o plano de aula contendo o tema (assunto) a ser trabalhado durante a semana, os respectivos objetivos e o que será avaliado.

2º. Passo: Ativação de Conhecimento do Mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses:

Apresentar o título: o que sugere o termo “pausa”?

Em que situações você faria uma pausa?

A nossa sociedade  está precisando fazer uma pausa? Em que ponto?

Você já refletiu sobre os relacionamentos amorosos da atualidade.

O que acha que há de certo ou errado neles?

Você acha que situações estressantes podem acabar com o amor ou o casamento?

O que espera de um relacionamento?

3º. Passo: apresentação do conceito de conto e focalização dos aspectos presentes nos textos lidos de acordo com a definição adotada. 

 

 

O que é Conto:

conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.

Disponível em:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto, acesso em 16 de junho de 2013.

 

4º. Passo: após esclarecer as possíveis dúvidas dos alunos, o professor propõe a leitura do conto Pausa do autor Moacyr Scliar. No entanto, antes da leitura, o professor fala um pouco sobre a vida e obra do autor a fim de despertar nos alunos o interesse por outros textos e obras do autor em questão. O professor propõe que a primeira leitura seja individual e pede aos alunos para lerem quantas vezes acharem necessárias e pede, também, para que os mesmos registrem, caso seja necessário, os vocábulos e expressões não conhecidas. 

5º. Passo: Produção de inferências locais e globais após a leitura do texto.

Deixar que o aluno se coloque frente às situações apresentadas pelo conto – a voz azeda da mulher, o fato de ela coçar as axilas mostrando o desleixo com a aparência, a ausência do marido sempre nos finais de semana, já que ele deve também trabalhar aos sábados; a opção por um lugar decaído e cheio de prostitutas, a possibilidade de uma traição por parte do marido.

Por que será que Samuel não termina o casamento já que aparentemente tem necessidade de dar uma pausa no relacionamento?

Por que as pessoas agem assim depois de um período nos relacionamentos?

(O conto relata a história de Samuel, um jovem rapaz aparentemente casado com uma mulher mal humorada e de  companhia desagradável. Vê-se pela colocação do narrador “quando a mulher apareceu, bocejando:”; “— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.”; “A mulher coçava a axila esquerda.”.

Todos os domingos, Samuel sai cedo com a desculpa que vai trabalhar, pois há muito trabalho, e vai para um hotel decaído, usado para encontro furtivos com prostitutas. Há no momento em que elas são citadas certo suspense. Será que Samuel trai a mulher?

Depois da leitura compartilhada com a turma, essas enumerações acima vão surgir entre os alunos. Se for necessário, o professor deve sugerir tais questionamentos.)

 

6º. Passo: Percepção de relações de intertextualidade

Ouvir a Música Esquadros de Adriana Calcanhoto através de vídeo ou áudio e letra.