Os
conteúdos foram pensados para serem desenvolvidos em rede e progressivamente
durante as aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciar:
Ø
a resenha: características do texto argumentativo, especialmente
da resenha;
Ø
a língua portuguesa e o vestibular: relação entre os
conteúdos desenvolvidos de conceituação do texto argumentativo e o exame vestibular.
O
que é resenha?
O
sentido que vocês adotarão neste trabalho para “resenha” é aquele encontrado na
quarta acepção da palavra no Dicionário Houaiss: “4. análise crítica ou informativa de um livro; recensão”.
Dessa forma, toda
resenha expressa o posicionamento de quem a escreve. Além de trazer o assunto
devidamente resumido, este é acompanhado de uma análise, de uma visão crítica.
A resenha: uma aproximação
1. Depois de ler com atenção o título e o trecho
inicial que apresentamos, responda ao que se pede.
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Leitura e
análise de texto
Diretora aprofunda sua linguagem
poética
José
Geraldo Couto
Colunista
da Folha
O cinema de Lina Chamie, como já havia ficado claro
em seu primeiro longa-metragem, Tônica dominante (2000), é menos narrativo do que poético e musical.
Em A Via Láctea, a diretora amadurece e
aprofunda esse seu modo de encarar “o mundo que é” e “o mundo que poderia ser”.
Folha de S.Paulo, 1 nov. 2007.
Levando em conta que o trecho é parte de uma resenha e que esse gênero
textual se caracteriza por ser uma análise crítica sobre outro texto, o que
você espera encontrar na continuação da leitura? Por quê?
2. Leia a
continuação do texto.
A partir de uma situação dramática forte – um
amante que atravessa a metrópole em busca da amada, com quem discutiu ao
telefone –, o filme desdobra cadências, harmonias, contrapontos e dissonâncias.
Não é à toa que um dos livros citados ao longo da odisseia urbana de Heitor
(Marco Ricca) seja Fragmentos
do discurso amoroso. O
filme, de certo modo, realiza no plano audiovisual uma operação análoga à do
livro de Barthes ao identificar, glosar e desconstruir motivos, tropos e
clichês do relacionamento amoroso.
A viagem de Heitor em busca de Júlia (Alice Braga)
é mais musical do que geográfica. Não só porque é pontuada por peças de Mozart,
Schubert, Satie, Jobim e Manu Chao, mas porque sua progressão não é linear, e
sim feita de tema e variações, de motivos recorrentes, de rimas visuais e
sonoras.
É um deslocamento inverossímil (o protagonista
demora horas para percorrer a avenida Paulista), mais espiritual – em falta de
palavra melhor – do que físico. Chamie não está preocupada com o realismo de um
draminha psicológico urbano. Seu horizonte é cósmico e, no limite, metafísico.
Não é um filme perfeito, e nem poderia, em se
tratando de uma obra de risco. (Arriscar implica também errar, embora nem
sempre nos lembremos disso.) Uma certa redundância da locução em “off”, em que
o protagonista externa pensamentos tornados mais ou menos evidentes pela
imagem, indica talvez um receio de perder a inteligibilidade. O mesmo vale
para um recurso excessivo aos “flashbacks”, que em
alguns momentos quase afrouxam a tensão do relato. No mais, A Via Láctea é um banho de invenção em meio
a um cinema preocupado demais em agradar aos espectadores de TV.
Folha de S.Paulo, 1 nov. 2007.
Durante a leitura do texto, notamos a presença de cinco elementos
fundamentais:
a) Inicialmente, um
momento de contextualização, em que se
propõe uma partida. É quando se apresenta a tese
a ser desenvolvida.
b) Em seguida, um
brevíssimo resumo da obra.
c) Depois, a apresentação de argumentos, isto é, de elementos
que orientam para a conclusão. Tais elementos
são apoiados por exemplos, regras gerais etc.
d) Apresentação de contra-argumentos, que restringem a orientação
argumentativa e que podem ser apoiados ou refutados por exemplos, entre outros
recursos.
e) Conclusão (ou nova tese), que faz interagir os
argumentos e contra-argumentos.